Em março deste ano, fomos surpreendidos por algo que trouxe diversas alterações na rotina do nosso dia a dia.
Isso não foi diferente dentro das empresas. Incertezas, novos modelos de trabalho, suspensões, férias coletivas, a tentativa de colocar todos em casa, promovendo assim o solicitado distanciamento social.
De repente, nos vimos familiarizados com termos como pandemia, lockdown, isolamento, quarentena, pico, grupo de risco, entre tantas outras. Mas uma nos chama a atenção quando se trata das empresas e indústrias de maneira geral: COMORBIDADES.
Essa palavra significava que ali estavam pessoas que faziam parte do grupo de risco, pessoas essas que se acometidas pelo vírus tinham a chance de evoluir para casos mais graves.
Algumas empresas inclusive não tinham nenhum tipo de triagem sobre essas pessoas. Recursos Humanos, Segurança do Trabalho, Medicina do Trabalho saíram então em busca de uma resposta para a pergunta: quem eram as pessoas com comorbidades?
Logo notou-se o envolvimento de pessoas hipertensas, obesas, diabéticas, cardiopatas, entre outros. E para surpresa de muitos, esse número era gigante.
Lembro-me bem quando um médico de uma multinacional, conhecida por seu alto número de empregabilidade, chegou até nós e falou: “A empresa terá que praticamente fechar uma planta inteira por conta do afastamento das pessoas com comorbidades”.
Ali começávamos a ver um dos legados mais importantes que essa situação toda nos deixava, quanto é importante cuidar da nossa saúde. E mais, como poderemos evitar situações como essa futuramente, já que pelo menos 70% das comorbidades são evitáveis.
Sim, evitáveis, e um dos remédios mais eficientes, segundo os estudos científicos se chama: EXERCÍCIO FÍSICO REGULAR. Remédio esse que você já deve estar cansado de saber que é benéfico, porém ainda não faz parte da cultura de muitos brasileiros.

Faz-se necessário então, essa conscientização e disseminação da informação com as massas. E onde estão as massas? Estima-se que as grandes massas estejam nas escolas e nas empresas.
Sendo assim, o investimento na saúde dos colaboradores será cada vez mais necessário para as empresas. Esse investimento pode ser feito através de programas de saúde, que envolvem prevenções à doenças crônicas, campanhas das áreas de medicina do trabalho, melhorias dos postos de trabalho através da Ergonomia, prática de exercícios dentro do ambiente de trabalho com aulas de Ginástica Laboral e até mesmo, porque não, investimentos em parcerias com locais que estimulam essas práticas preventivas, academias, clubes, estúdios de treinamento funcional.
Muitas pessoas se recordam do grande sucesso do “Medida Certa”, projeto esse idealizado pelo professor Márcio Atalla que teve grande repercussão quando fez parte do Fantástico, da rede Globo. Um dos grandes objetivos ali era poder mostrar que sim, é possível melhorar sua saúde, seus exames e porque não a sua qualidade de vida.
Apesar da grande aceleração da chamada Indústria 4.0, na qual visa uma mecanização de tarefas, não podemos esquecer que as grandes “máquinas” da maioria das empresas, ainda é o seu colaborador. E sem ele trabalhando com eficiência, tudo fica ainda mais difícil, os custos aumentam e consequentemente a queda no faturamento é inevitável.
Obviamente toda essa situação não deve eximir a responsabilidade de cada funcionário no cuidado com a sua própria saúde. O pensar em qual é o instrumento principal do seu trabalho é fundamental. Um exemplo, se eu utilizo meus braços para executar as tarefas do meu trabalho, por que não pensar em cuidar dos meus braços, fortalecendo a musculatura e criando condições musculares para que possa executar minhas atividades sem dores ou qualquer tipo de lesão.
Esse cuidado deve fundamentalmente ter os dois lados da moeda, o lado das empresas e o que pode ser feito, e o lado do colaborador que deve entender que sem estar apto, saudável, dificilmente conseguirá desempenhar suas funções.
Vimos várias e várias pessoas que mesmo jovens, são acometidos por essas comorbidades. Estas não aparecem do dia para noite, bem como solucioná-las também não. Mas, com paciência e principalmente olhos abertos para essa necessidade humana, temos tudo para melhorar os resultados no item saúde.

Algumas pesquisas científicas no Brasil, apontam que as pessoas com 30 anos hoje poderão atingir expectativas de vida próximas dos 90 anos. O próprio IBGE já mencionou que em 2060 a expectativa de vida dos brasileiros atingirá os 80 anos. As perguntas cruciais são: Como você estará com seus 80, 90 anos? Será que valeu a pena cuidar da sua saúde e da saúde dos seus?
Não gostaria de pagar para ver!
Thiago Negrini Lima Quadros – Professor de Educação Física – Especialista em Ergonomia – Docente do Curso de Educação Física da Faculdade Anhanguera de Sorocaba e Sócio Proprietário da Transforma Assessoria de Qualidade de Vida.
Elaine Bueno dos Santos – Professora de Educação Física – Especialista em Fisiologia do Exercício – Docente do Curso de Educação Física da Faculdade Anhanguera de Sorocaba e Sócia Proprietária da Transforma Assessoria de Qualidade de Vida.